Bixiga: Chão de Muitos Povos

Autoria: Danielle Franco da Rocha, Edimilsom Peres Castilho, Eribelto Peres Castilho.

Pertencente à região central de São Paulo, o território do Bixiga – um dos mais tradicionais da cidade – tem uma importância Histórica e Cultural muito ampla para a capital paulista e para o país.

Localizado na extensa colina que acompanha o Espigão do Caaguaçú – atual Avenida Paulista – que divide as bacias hidrográficas dos Rios Pinheiros e Tietê em direção ao chamado “Triângulo Histórico” de São Paulo, o Bixiga nasceu no processo de expansão urbana da cidade iniciado no século XIX.

Arquivo Histórico Municipal

Contudo, diferentemente de outros bairros estabelecidos nesse período, o Bixiga reuniu uma população muito mais diversificada (negros, imigrantes italianos, portugueses entre outras nacionalidades, e mais recentemente nordestinos), composta por trabalhadores de diversos ramos de atividade que preservam nas Artes e Ofícios do bairro, suas Tradições e Cultura.

Por muitos séculos o Bixiga foi a “Caixa D’água” da vila quinhentista, fornecendo a água represada em suas inúmeras nascentes, córregos e rios, que abasteciam todos os chafarizes da cidade até a fundação da Companhia Cantareira em 1888. Por ser um território “entre rios”, o Bixiga preserva em seus Topônimos como os Rios Saracura e Itororó, a presença marcante dos povos indígenas – habitantes originários deste chão.

Arquivo Histórico Municipal

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Seu surgimento remonta à um dos primeiros quilombos paulistanos, localizado nas margens do rio Saracura – o Quilombo Saracura, onde grande parte dos primeiros moradores eram compostos por lavradores, lavadeiras, quitandeiras, que utilizavam as águas cristalinas do rio para sobrevivência e trabalho.

Museu da Saúde Pública SP

Na década de 1920, o Rio Saracura foi canalizado para a construção da Avenida Nove de Julho, expulsando toda essa população que dependia da água do Rio para sobrevivência.

IMS

Museu Cidade SP

No final do século XIX, com a crescente corrente imigratória em direção à São Paulo acompanhada pela expansão do perímetro urbano nessa direção, o bairro do Bixiga passou também a acolher grande parte dos imigrantes italianos que se fixaram na capital paulista, principalmente das regiões da Calábria e da Basilicata.

A partir da década de 1950, com a intensificação das migrações internas no Brasil, o Bixiga foi o bairro escolhido por muitos trabalhadores nordestinos que vieram tentar a vida na grande megalópole.

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Por esse motivo, o Bixiga é um bairro marcado pela diversidade social e por uma mistura singular de influências culturais, de hábitos e sotaques que tornaram-se símbolos da metrópole brasileira.

Conforme “Auto de Inauguração” do novo Hospital da Caridade exposto no Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, dia 01 de outubro de 1878 teve início o primeiro loteamento do bairro com uma cerimônia de lançamento da “Pedra Fundamental” para construção do hospital, o que nunca ocorreu. Mesmo assim o loteamento prosperou e desde então se comemora o “Aniversário do Bixiga” todo dia 01 de outubro.

Em 26 de dezembro de 1910, uma Lei publicada em Diário Oficial do Estado de SP alterou o nome do Bixiga para Bela Vista, reforçando as tentativas de apagamento da História e da Cultura Popular do bairro desde então. Sobre esse aspecto, confira nosso artigo “O visível que oculta e o invisível que revela: Tensões e disputas na construção da história de um território (Bixiga)” disponível na primeira edição da Revista Memoricidade, do Museu Cidade de São Paulo.

CONPRESP

Considerando a importância histórica, cultura, urbanística e ambiental do Bixiga, em 1993 teve início o processo de Tombamento Histórico do bairro que se concretizou com a Resolução nº 22/2002 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (CONPRESP).

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